domingo, 22 de dezembro de 2013

Retorno da Vida Corporal à Vida Espiritual


    Levando em consideração que todos nascemos com a certeza que um dia morreremos, acho muito importante estudar para compreender melhor essa passagem.

    Livro II – Capítulo III-Retorno da Vida Corporal à Vida Espiritual

    Perturbação Espiritual – Perguntas 163 a 165

    163 – Deixando o corpo, a alma tem imediatamente consciência de si mesma?

    -- Consciência imediata não é bem o termo; ela fica algum tempo em estado de perturbação.
    164 – Todos os Espíritos experimentam, no mesmo grau e pelo mesmo tempo, a perturbação que se segue à separação da alma e do corpo?

    -- Não; depende da elevação de cada um. Aquele que já está purificado se reconhece quase imediatamente, porque se libertou da matéria durante a vida do corpo, ao passo que o homem carnal, aquele cuja consciência não é pura, guarda por muito mais tempo a impressão da matéria.
    165 – O conhecimento do Espiritismo exerce alguma influência sobre a duração mais ou menos longa, da perturbação?

    -- Influência muito grande, visto que o Espírito já compreendia de antemão a sua situação. Mas a prática do bem e a confiança pura exercem maior influência.

    Nota:
    No momento da morte, tudo, a princípio, é confuso. A alma precisa de algum tempo para se reconhecer; acha-se como que aturdida, no estado de um homem que despertou de profundo sono e procura compreender a sua situação. A lucidez das idéias e a memória do passado lhe voltam à medida que se apaga a influência da matéria da qual acaba de se libertar, e se dissipa a espécie de nevoeiro que lhe obscurece os pensamentos.

    A duração da perturbação que se segue à morte é muito variável. Pode ser de algumas horas, como de vários meses e até de muitos anos. É menos longa naqueles que, desde a vida terrena, se identificaram com o seu estado futuro, pois esses compreendem imediatamente a posição em que se encontram.

    Essa perturbação apresenta circunstâncias particulares, de acordo com os caracteres dos indivíduos e, principalmente, com o gênero de morte. Nas mortes violentas, por suicídio, suplício, acidente, apoplexia, ferimentos etc., o Espírito fica surpreendido, espantado, não acredita que esteja morto e sustenta essa idéia com obstinação. No entanto, vê o seu próprio corpo, sabe que esse corpo é seu, mas não compreende que se ache separado dele; acerca-se das pessoas a quem estima, fala-lhes e não entende por que elas não o ouvem. Essa ilusão dura até o completo desprendimento do perispírito. Só então o Espírito se reconhece e compreende que já não faz parte do número dos vivos.

    Este fenômeno se explica facilmente. Surpreendido pela morte imprevista, o Espírito fica atordoado com a brusca mudança que nele se operou; considera ainda a morte como sinônimo de destruição, de aniquilamento. Ora, como pensa, vê e ouve, tem a sensação de não estar morto. O que lhe aumenta a ilusão é o fato de se ver com um corpo semelhante ao precedente, quanto à forma, mas cuja natureza etérea ainda não teve tempo de estudar; julga-o sólido e compacto como o primeiro e, quando chamam sua atenção para esse ponto, admira-se de não poder apalpa-lo.

    Esse fenômeno é análogo ao que ocorre com alguns sonâmbulos inexperientes, que não crêem dormir; para eles o sono é sinônimo de suspensão das faculdades. Ora, como pensam livremente e vêem, julgam que não dormem. Certos Espíritos apresentam essa particularidade, embora a morte não lhes tenha chegado inesperadamente. Mas é sempre mais generalizada entre os que, apesar de doentes, não pensavam em morrer. Observa-se, então, o singular espetáculo de um Espírito assistir ao seu próprio enterro, como se fora o de um estranho, e falando desse ato como de coisa que não lhe diz respeito, até o momento em que compreende a verdade.

    A perturbação que se segue à morte nada tem de penosa para o homem de bem; é calma e em tudo semelhante àquela que acompanha um despertar tranqüilo. Para aquele cuja consciência não está pura, a perturbação é cheia de ansiedade e de angústias, que aumentam à medida que ele reconhece a sua nova situação.

    Nos casos de morte coletiva, tem sido observado que nem todos os que perecem ao mesmo tempo tornam a ver-se imediatamente. Na perturbação que se segue à morte, cada um vai para seu lado ou só se preocupa com os que lhe interessam.